Coluna da terça-feira

Em meio a luta contra a pandemia do novo coronavírus, lideranças políticas tentam introduzir na agenda nacional, mas ainda sem sucesso, o impeachment de Bolsonaro. Ao todo, a Câmara dos Deputados já recebeu 61 pedidos dessa natureza e um 62º foi anunciado na semana passada por partidos de oposição, mas Rodrigo Maia (DEM) nunca demonstrou interesse em dar prosseguimento a algum deles.

Membros do chamado campo progressista têm tentado levantar a pauta do impeachment nas mídias sociais, buscando envolver parlamentares que comungam do mesmo pensamento, mas estão esbarrando na baixa adesão da ideia. Apesar de não faltar motivações, boa parte da população também parece estar anestesiada diante da falta de compromisso do governo em vencer a crise sanitária.

Dentro desse percurso, ainda tem a eleição para eleger a nova Mesa Diretora da Câmara e do Senado, que acontece no dia 1º de fevereiro. De certa forma, a permanência de Bolsonaro até o fim do governo passa por esses resultados, já que existem nomes inseridos no projeto defendido pelo Planalto, a exemplo do líder do Centrão Arthur Lira (PP). Enquanto uma solução viável não desponta, o clima de impotência predomina em quem deseja dias melhores.

Posição – De acordo com o deputado Felipe Carreras (PSB), “falar sobre impeachment num momento que o país se prepara para iniciar um momento histórico da vacinação é um desserviço”. Apesar de se colocar como oposição ao governo federal, o parlamentar é um dos principais cabos eleitorais de Arthur Lira (PP), candidato de Bolsonaro a presidente da Câmara dos Deputados.

Se esquivando – Durante café da manhã com jornalistas, Arthur Lira (PP) evitou se posicionar sobre um eventual pedido de impeachment contra Bolsonaro. Ao ser perguntado sobre o assunto, Lira respondeu: “impeachment não é pauta de candidato a presidente da Câmara”. De acordo com a Constituição, cabe ao presidente da Casa arquivar ou submeter aos demais deputados a análise de pedido de abertura de processo de afastamento contra o Chefe do Executivo.

Marcando território – A deputada Luiza Erundina (PSOL) foi oficializada candidata a presidente da Câmara dos Deputados. Ela é a unica mulher a disputar o posto. A parlamentar afirmou que se vencer, um dos primeiros atos será dar encaminhamento aos pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro que estão parados. Acontece que dificilmente seu projeto receberá a adesão dos demais partidos. 

Estratégia – Após atacar por diversas vezes a CoronaVac e os chineses, Bolsonaro passou a adotar uma outra estratégia. Um dia depois da Anvisa aprovar o uso emergencial, o presidente disse ao sair do Planalto que “a vacina é do Brasil”. Até então ele ainda não havia se posicionado sobre a liberação. 

Indefinição – Após frustração na busca do lote com os 2 milhões de doses na Índia, o ministro da Saúde Eduardo Pazuello declarou em entrevista coletiva ontem (18), no Palácio do Planalto, que a conclusão da viagem para trazer o carregamento deve ter uma resolução ainda nesta semana. A vacina é a desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório do Reino Unido AstraZeneca.