Coluna da sexta 

Eleito em 2018 com um forte discurso anticorrupção e surfando na onda do antipetismo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vai encerrando seu governo de forma melancólica. Após sucessivos erros ao longo dos últimos anos, a fatura chegou no dia 2 de outubro, quando foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além de não reconhecer o resultado da eleição, tendo, anteriormente, contestado com frequência a integridade das urnas, o chefe do Executivo e seus aliados vêm estimulado apoiadores a seguirem o mesmo caminho. Ainda existe uma indefinição se Bolsonaro vai passar ou não a faixa presidencial na posse, dando mais uma demonstração de apego ao cargo que ocupa.

Recluso no Alvorada desde o fim do segundo turno, Bolsonaro tem cumprido um número reduzido de agendas e evitado discursos. Na tentativa de manter sua base viva, ele vem incentivando o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, a ingressar com uma nova ação no TSE, desta vez pedindo a realização de um novo pleito.

Recentemente, o pedido da invalidação de parte dos votos na eleição presidencial resultou numa multa de R$ 22,9 milhões para o partido. As últimas afrontas de Bolsonaro às instituições também têm colocado ele cada vez mais no isolamento político, o que pode ter duras consequências após a perda do foro privilegiado.

Mudança
Faltando 15 dias para o fim do governo, um caminhão de mudança foi flagrado entrando ontem (15), no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. O vídeo que simboliza o fim da era Bolsonaro, logo virou manchete nos principais veículos do país.

Férias
O ministro da Economia, Paulo Guedes, entra em férias na próxima segunda (19) e não retorna mais para assumir o cargo. Ele é um dos poucos que permanece no governo desde o início. Ao longo dos últimos quatro anos, Bolsonaro fez várias mudanças em comandos de pastas, mas Guedes se manteve intacto.

Orçamento secreto
O STF está a um voto de declarar inconstitucional o orçamento secreto. Cinco ministros votaram para extinguir o mecanismo, enquanto quatro entendem que as emendas de relator podem continuar sendo distribuídas. O julgamento foi interrompido após Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski pedirem mais tempo para análise.

Agenda positiva
A reta final do governo Paulo Câmara vem sendo marcada por diversas entregas e homenagens. Nada é mais gratificante para um gestor que encerrar um ciclo de forma positiva. Ainda hoje (16), Paulo anuncia a instalação de um Terminal de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Porto de Suape, onde serão gerados 240 empregos.

Canais de diálogo
Antes mesmo de tomar posse, a governadora eleita, Raquel Lyra (PSDB), já vem se movimentando no sentido de construir pontes com o governo federal. A tucana tem dialogado com o vice. Geraldo Alckmin (PSB). e também com o futuro ministro da Defesa, José Múcio, que se colocaram à disposição de Pernambuco.