
A Polícia Federal realizou, na manhã desta terça (17), uma operação simultânea em diversos municípios pernambucanos com o objetivo de apurar a prática de desvios de recursos públicos por meio de contratos firmados entre prefeituras, uma organização da sociedade civil e empresas privadas para o fornecimento de mão de obra terceirizada na área da saúde. Batizada de Operação Velatus, a ação é resultado de investigações iniciadas em 2021, com base em informações colhidas pela Controladoria Geral da União (CGU).
Apesar de Caruaru estar entre as cidades onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão, a prefeitura do município não foi alvo da operação. A confusão se deu após uma publicação feita pelo ex-candidato a prefeito Zé Queiroz (PDT), em tom de crítica, induzindo ao entendimento de um suposto envolvimento da gestão Rodrigo Pinheiro (sem partido) na investigação. No entanto, as buscas realizadas na cidade foram motivadas por outros fatores, revelou fonte.
A delegacia da PF de Caruaru é responsável pela área de abrangência das investigações, e os mandados cumpridos no município têm relação com endereços de pessoas ligadas às empresas investigadas. As diligências não tiveram como alvo a sede da Prefeitura de Caruaru, nem qualquer órgão da administração municipal.
Ao todo, a operação contou com a participação de 80 policiais federais e 8 servidores da CGU, que deram cumprimento a 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de Garanhuns, Caruaru, Terezinha e Bom Conselho. Os mandados foram expedidos pela 23ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco. Além das buscas, a Justiça determinou a proibição de contato entre os investigados e a vedação de que deixem suas respectivas comarcas sem autorização judicial.
Segundo a PF, a organização da sociedade civil investigada recebeu mais de R$ 662 milhões entre 2019 e 2024, sendo pelo menos R$ 431 milhões provenientes de recursos federais. A maior parte dos contratos tinha como objeto a terceirização de profissionais da área de saúde.
A operação apura possíveis crimes de fraude em licitação, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem ultrapassar 20 anos de reclusão. O nome “Velatus” faz referência ao suposto modus operandi do grupo investigado, que atuaria de forma velada e dissimulada.
Mais informações e esclarecimentos sobre a investigação serão repassados ao longo do dia pela Polícia Federal.