Pulmão econômico da Capital do Agreste, localizada no coração de Caruaru, a Feira foi vítima de mais um incêndio, justamente no mês em que a cidade comemora 162 anos. Escrita por Onildo Almeida, cantada por Luiz Gonzaga e conhecida no mundo inteiro, este patrimônio cultural imaterial brasileiro vem perdendo força, principalmente na Sulanca. 

Presente em todas as promessas de campanhas eleitorais, a Sulanca agoniza e assiste clientes optarem por Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. As reclamações sobre a Feira de Caruaru vão desde questão estruturais à falta de segurança. Entra gestão, sai gestão, e o discurso de transferência não alcança a prática. Recentemente, a prefeita Raquel Lyra (PSDB) anunciou uma pesquisa no valor de R$ 370 mil para saber a opinião de feirantes e compradores. Uma de suas propostas, antes de ser eleita, era transferir a Feira da Sulanca para um novo local. A gestão passada ainda adquiriu um terreno às margens da BR-104 para essa tranferência, mas, como em Caruaru os prefeitos que assumem não costumam dar sequência a ações de governos anteriores, dessa vez não seria diferente. A tucana já está no seu terceiro ano de mandato, mas sem nenhum sinal ou previsão do que foi prometido e de forma pouco transparente, parte da Sulanca, que fica no terreno da antiga Fundac, se tornou privada.

A Sulanca é um dos principais geradores de renda da cidade. Este incêndio traz graves consequências econômicas para a grande parcela dos caruaruenses que tira seu sustento da produção e venda de peças de roupa comercializadas naqueles bancos, resultando também em consequências preocupantes para o município. Uma tragédia com essas proporções causa comoção, e serve de estalo para os omissos em relação ao estado de saúde delicado em que a Feira, como um todo, se encontra há tantos anos. 

Quantos incêndios serão necessários para que os pulmões não suportem, a frequência cardíaca diminua e o coração de Caruaru pare de funcionar?

Américo Rodrigo

Estudante de Jornalismo e editor do Blog Cenário.