O peso de Raquel Lyra na eleição de 2024 em Caruaru

Opinião
Publicado por Redação
30 de agosto de 2023 às 15h45min
Foto: Roque de Sá

Por Vanuccio Pimentel*

Que Raquel Lyra representa atualmente a maior força política de Caruaru é uma constatação óbvia. Também parece óbvio, que ela é a única pessoa que pode modificar completamente a conjuntura política da cidade. Por duas razões: a primeira é que o cargo de governadora tem bastante peso em qualquer disputa municipal. A segunda razão, que é ainda mais poderosa do que a primeira, se refere ao peso simbólico que Raquel tem na cidade.

Raquel foi reeleita para prefeita em 2020 com 66,86% dos votos válidos na cidade. Do ponto de vista aritmético, significa que quase 33% dos eleitores não queriam Raquel como prefeita naquele momento. Dois anos mais tarde, em 2022, Raquel Lyra atinge a marca de 83,35% dos votos válidos no segundo turno em Caruaru na disputa pelo governo de Pernambuco. Novamente, do ponto de vista aritmético, significa dizer que uma parcela importante dos eleitores que não queriam Raquel como prefeita em 2020, decidiram votar nela para governadora em 2022.

Como se explica essa movimentação do eleitorado? Há duas explicações concomitantes. A primeira é a comoção provocada pelo falecimento de Fernando Lucena no dia do primeiro turno. A segunda é o peso simbólico do caruaruense votar e ter uma governadora da cidade. As duas razões não são produzidas por um cálculo racional. E o que isso impacta em Caruaru para as eleições de 2024?

De forma simples, significa dizer que mesmo que a gestão de Raquel não esteja bem avaliada no restante do Estado de Pernambuco, em Caruaru ela continuará sendo a governadora da cidade que viveu um drama incrível para chegar até a vitória. E continuará sendo muito relevante independente da avaliação positiva ou negativa de seu governo. Esses são efeitos típicos do poder simbólico no processo político.

A grande pergunta que resta é a seguinte: como ela pretende exercer essa força política em Caruaru nas eleições de 2024?

Raquel possui três possibilidades de movimento: a primeira, é lançar uma terceira pessoa que a represente completamente; a segunda, é apoiar a eleição de Rodrigo Pinheiro como seu sucessor natural; e a terceira, é não apoiar ninguém e não se envolver na eleição da cidade.

Vou deixar para cada leitor escolher qual opção considera mais provável. Quando se trata de Raquel Lyra, nenhuma opção é impossível.

O que sabemos hoje é que Raquel possui o tempo a seu favor. Ela está em condições de esperar até o último segundo para mexer no jogo político na cidade.

*Mestre e doutor em Ciência Política (UFPE)

Redação

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