Coluna da quarta
Um fato que chamou atenção na Assembleia Legislativa, nesta terça (26), foi o voto favorável da bancada petista ao destaque do projeto do Executivo que tratava do aumento do ICMS. Apesar de serem oposição a Raquel Lyra (PSDB), os deputados Doriel Barros, João Paulo Lima e Rosa Amorim votaram com a base e acabaram fazendo um gesto à governadora tucana.
Intencionalmente ou não, também entrou em pauta, no mesmo dia, o projeto de lei que aumentou em 38% o valor do programa Chapéu de Palha: um pleito do próprio presidente estadual do PT. Há alguns meses, Doriel levou integrantes da Fetape, que fazem parte de sua base, para uma reunião com a governadora; ocasião em que Raquel anunciou que enviaria um projeto para reajustar o programa voltado aos agricultores.
Ontem, Doriel fez questão de ir à tribuna parabenizar a gestora pela medida. Sileno Guedes (PSB), por sua vez, foi de encontro à afirmação e associou a benesse ao aumento do ICMS, alegando que o Governo estaria “dando com uma mão e tirando com outra”, o que prontamente fez com que João Paulo fosse defender seu correligionário. Logo depois desse debate, em tom de piada, os bastidores da Alepe afirmavam que o PT tinha “trocado” uma votação pela outra, sendo favorável ao projeto do ICMS, como forma de agradecimento ao reajuste do Chapéu de Palha.
Fato é que até o início de agosto a legenda vinha atuando de forma independente na Assembleia e, desde quando declarou oposição, vem conseguindo cumprir esse papel de maneira muito responsável. Assim como declarou João Paulo, o movimento do PT não significa necessariamente uma adesão à base governista, mas na conjuntura atual, o resultado foi muito emblemático.
Primeiro porque aconteceu no dia seguinte a mais uma visita de Raquel ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve direito a foto de mãos dadas. Segundo, pela estremecida relação que o PT vem mantendo nos últimos dias com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), principal opositor da governadora que vem sendo pressionado pelos petistas no estado. Considerando todos esses fatores citados, a posição do Partido dos Trabalhadores diz muito e comunica bastante.
Notas
Agenda petista – Embora a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, tenha defendido que sua legenda esteja na vice de João Campos (PSB) em 2024, as atenções da dirigente petista foram voltadas apenas aos seus correligionários durante sua passagem por Pernambuco na última semana. Esperava-se que Gleisi buscasse algum tipo de encontro com o socialista, o que não aconteceu.
Ganhando projeção – A cada dia, o projeto do superintendente adjunto da Codevasf, Samuel Andrade, para a Prefeitura de Condado, tem ganhado força. Durante um encontro que aconteceu ontem (26), no Recife, o pré-candidato a prefeito do município recebeu o apoio do presidente da Câmara Municipal, vereador Vavá.
Independente – Dos 45 senadores que defenderam o projeto apresentado por Rogério Marinho (PL), propondo um plebiscito sobre o aborto, o único pernambucano a acompanhar a matéria foi Fernando Dueire (MDB). O julgamento da ADPF 442 pelo STF, permite o aborto até doze semanas. Para o ex-ministro de Bolsonaro, tais decisões devem ser pautadas e discutidas pelo Congresso.
Curtas
Voto contrário – Aliado de primeira hora da governadora Raquel Lyra (PSDB), o deputado Renato Antunes (PL) votou contra o projeto que aumenta o ICMS. A postura “rebelde” chamou a atenção de quem acompanhava a sessão.
Opção – O advogado Miguel Duque, filho do deputado estadual, Luciano Duque, começa a surgir como opção para a formação de uma chapa em Serra Talhada. O jovem ainda não é filiado, mas tem o PSD como opção partidária.