O Blog Cenário foi recebido, nesta quinta-feira (28), no gabinete do prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB), para uma entrevista de cerca de 1h, com um balanço da gestão municipal em 2023. O conteúdo será dividido em duas matérias: uma no campo administrativo e outra no âmbito político.
O gestor apontou avanços no campo da saúde, educação e infraestrutura. Segundo ele, hoje Caruaru se tornou “um grande canteiro de obras”. Apesar da atual administração ser uma continuidade do segundo governo Raquel Lyra, Rodrigo disse que acredita ter conseguido dar a sua cara à gestão. O ainda tucano também falou sobre a Feira de Caruaru, comentando os investimentos que já foram feitos e a possibilidade de transferência para um outro local. Rodrigo Pinheiro adiantou que pretende fazer uma reforma administrativa em seu secretariado e deve, inclusive, incorporar ao seu governo integrantes de partidos aliados.
Confira:
Blog Cenário: Um ano e nove meses que o senhor está na gestão. Teve alguma coisa que saiu fora do esperado ou tudo foi dentro do planejamento?
Rodrigo Pinheiro: A gente trabalhou com o orçamento e o planejamento que já vem de anos anteriores. E teve algumas obras que, ou teve dificuldade com a construtora, como o acesso ao Parque Vasconcelos Sobrinho, que não está com a qualidade que a gente precisa. Tem obras que a gente está fazendo um reajuste, ou por conta de mudança do Governo Federal, porque tem obras de repasse federal como o Parque Cultural, o Parque da Lagoa lá do Alto do Moura, que a gente teve que botar de recurso próprio e depois ter o reembolso. São esses ajustes, mas a gente crê que o ano que vem não vai ter essa dificuldade, porque já mudou o governo estadual e federal, então não tem mais essa desculpa.
BC: Este ano foi um ano que o senhor fez muitas entregas. Tem alguma grande obra que o senhor pode dizer assim: ‘é a marca da gestão Rodrigo Pinheiro’?
RP: Olha, a gente conseguiu iniciar uma grande obra que é aquela da Ponte Prefeito Anastácio Rodrigues, que liga o bairro das Rendeiras ao José Liberato, mas não é só questão da construção da ponte, é o complexo viário que a gente vai fazer ali. No bairro das Rendeiras a gente já tinha calçado algumas ruas, vai calçar mais. A prefeitura, por exemplo, não tinha o que tem hoje de levantamento da situação oficial das ruas do município. O que a gente tem hoje é um retrato fidedigno. Foi feito um levantamento em toda a cidade, área urbana e zona rural, onde tem calçamento, onde não tem, onde precisa de drenagem, o tempo de vida útil do asfalto. Por exemplo, a gente vai fazer a José Rodrigues de Jesus, porque o tempo de vida útil daquele asfalto, ele está acabando. Dentro desse estudo, ele só tem praticamente um ano de utilidade, se a gente não refizer, requalificar, como a gente vai requalificar a José Rodrigues de Jesus, a gente iria ter muito problema ali, até comparado com aqueles da Avenida Brasil. Essa é a lógica que a gente vem seguindo das obras aqui do nosso município. Obras com qualidade, como precisam ser feitas, para garantir que esse investimento dure mais, e a gente não gaste tanto recurso público com manutenção, como a gente vem gastando esses últimos anos.
BC: Certo, mas Tony Gel tem o Anel Viário, Zé Queiroz teve as UPAs e os parques, Raquel a Via Parque. Então, a sua grande obra, a marca da gestão, vai ser a ponte com todo o complexo?
RP: A gente pode dizer que sim, mas se a gente, por exemplo, perguntar para os artistas, o grande avanço foi a modificação que a gente fez esse ano no São João, atualizando o modelo do São João, valorizando ainda mais os artistas. Se a gente for perguntar, por exemplo, aos profissionais de educação, a gente conseguiu a valorização desses profissionais, com a atualização do PCC, que era um problema que se arrastava e que os gestores anteriores não tiveram oportunidade ou até coragem de fazer, e a gente fez essa atualização do PCC dos professores. Dentro da administração, o futuro vai dizer que a gente fez a decisão certa de fazer o maior concurso público da história, que a gente precisa ter essa segurança jurídica e essa memória desses profissionais aqui na cidade de Caruaru nas diversas secretarias. Na saúde, por exemplo, o complexo de saúde do Salgado, que a gente entregou ampliando, requalificando, modernizando aquele centro de saúde no bairro do Salgado, que é praticamente um mini hospital. Lá a gente tem no mesmo local UPA, AME, unidade básica de saúde e farmácia, inserido no maior bairro aqui da cidade de Caruaru. Então, são muitas ações e [a marca da gestão] vai depender do ponto de vista. Quem gostar de obra, vai ser a ponte a minha maior obra; quem é ligado à saúde, com certeza o complexo de saúde ficou muito bom, assim como a gente também entregou o Jaqueline Silva também aqui no centro da cidade; e na educação, as escolas, as creches, a própria sede da Secretaria da Educação, maior concurso público da história… enfim, a gente tem algumas ações que, nesse curto espaço de tempo, um ano e nove meses, a gente fez muita coisa assim e vem consolidando uma gestão com muitas entregas em pouco tempo.
BC: Então, o senhor pode dizer que, apesar de ser uma continuidade do governo de Raquel, o senhor consegue, hoje, dar a sua cara a essa gestão?
RP: A gente entende que sim. Até porque o planejamento foi feito e o programa de governo foi feito lá atrás. A gente foi eleito e reeleito. Nesse meio tempo aí, teve a pandemia, que nos obrigou a nos adaptarmos em muitas situações, e a gente foi avançando naquilo que precisava avançar. Novas leis foram aprovadas na Câmara. Por exemplo, leis que garantem um ambiente ainda melhor para empreender aqui no município de Caruaru, um novo código tributário, incentivando, por exemplo, a vinda de negócios com a diminuição dessas alíquotas. Caruaru vira o ano de 2023 para 2024 como um grande canteiro de obras. Tanto obras públicas, ruas que estão sendo calçadas, creches na zona rural, escolas na cidade estão sendo construídas, enfim, e outras ações. Mas, principalmente, no setor privado. A gente tem um grande shopping aqui sendo requalificado. A gente tem empreendimentos que serão entregues, mas já começaram a ser construídos agora empreendimentos imobiliários. Temos grandes lojas que já começaram a construção e vão inaugurar até o mês de maio, como o Mix Mateus e o Novo Atacarejo. Só essas três lojas, duas do Mateus e uma do Novo Atacarejo, vão gerar 5 mil empregos diretos e indiretos. Agora no mês de janeiro, também, a gente anuncia novos empreendimentos aqui para a cidade de Caruaru.
BC: Muita gente fala que o secretariado é todo feito de amigos do prefeito e existem algumas críticas a algumas pastas específicas. O senhor pensa em fazer alguma reforma administrativa no ano que vem?
RP: A gente aprovou, agora, na Câmara, uma minirreforma administrativa e a gente vai ter, por exemplo, uma Secretaria Executiva de Esportes dentro da Secretaria de Educação. Vamos ter também uma Secretaria Executiva de Política para as Mulheres; vamos ter também a Secretaria Executiva da Primeira Infância, também ligada à Secretaria de Educação. Eu acredito, assim, que a gente pode e deve colocar secretário que é amigo. A gente vai colocar quem é contra? Isso não faz nem sentido. Acho que esses comentários são de alguém que faz oposição e a gente releva e continua trabalhando, até porque a gestão está bem aprovada. Não é fácil ter uma gestão bem aprovada em Caruaru, porque é uma cidade muito politizada.
BC: Essas pastas podem atender alguns dos partidos que estão declarando apoio ao senhor? Alguns desses partidos podem ser contemplados nessa reforma?
RP: A gente ‘tá’ no final de uma gestão que começou com Raquel e agora está terminando comigo. A partir de 2025, a gente pode, sim, pensar nisso. Não é nada de outro mundo, também não fui eu que inventei essa logística dentro das acomodações partidárias e no que diz respeito à política isso pode acontecer com uma nova gestão.
BC: A Feira é sempre a grande polêmica de toda gestão. Transfere a Feira, deixa onde está… é possível fazer uma requalificação que deixe a Feira numa situação que possa dar mais conforto para os feirantes e também para os compradores, nos moldes, por exemplo, como é lá na Feira da Fundacc?
RP: O desafio é enorme no que diz respeito ao Parque 18 de Maio. O Parque 18 de Maio foi entregue há exatos 32 anos, na primeira gestão do ex-prefeito João Lyra Neto, e, coincidentemente, meu pai era o secretário de Serviços Públicos na época. E de lá para cá, houveram (sic.) algumas manutenções no Parque 18 de Maio. Só na nossa gestão, Raquel/Rodrigo, é que começaram novos investimentos e requalificações do Parque 18 de Maio. Esse trabalho iniciou com projetos e agora, na minha gestão, a gente consegue, de fato, fazer entregas importantes em todo o complexo do Parque 18 de Maio. O Mercado de Farinha que a gente já entregou totalmente requalificado. O Mercado de Carne, que a gente vai entregar agora em janeiro, também era um contrato muito burocrático, difícil, com recurso federal, mas a gente conseguiu tocar a obra e vai entregar agora em janeiro de 2024, totalmente requalificado, inclusive com reuniões já feitas com os marchantes que trabalham lá no Mercado de Carne. O estacionamento do Machadinho, que a gente também está entregando agora no começo de janeiro, que era um sonho antigo dos comerciantes ali da área. Vamos anunciar como será feita a requalificação do Estacionamento da Viúva. Então, a gente fica tranquilo em dizer que está investindo no Parque 18 de Maio. Junto a isso também teve a parceria com a Fundacc, a gente sabe que foi importantíssima essa parceria. É um assunto muito polêmico. A gente, de vez em quando ‘tá’ fazendo pesquisa interna e procurando saber se a turma quer a mudança. Metade quer que saia e metade quer que não saia. Agora, assim, mais da metade quer que continuem sendo feitos os investimentos no Parque 18 de Maio.
BC: Qual a grande lição que o senhor tira deste ano?
RP: Que a gente tem que ter uma dedicação total a uma gestão, principalmente numa Prefeitura como essa, em Caruaru. A gente só sabe o tamanho de Caruaru quando a gente está em Brasília, está em outros estados. A responsabilidade é muito grande, de ser gestor de uma cidade como essa, e com as dúvidas que existiam quanto a minha pessoa gerindo uma cidade, porque não tinha a experiência de gestor público, apesar de ter experiência no setor privado. Então, a lição é essa: a dedicação total que precisa existir, a responsabilidade e o trabalho em equipe.