Por Vanuccio Pimentel*
Passadas as convenções e com quadro político bem desenhado, é possível compreender melhor o novo tabuleiro da disputa em Caruaru.
A primeira reflexão é que a chegada de Tonynho Rodrigues à vice de Zé Queiroz representa uma mudança forte no quadro político.
O movimento é resultado do grave erro cometido pelo prefeito Rodrigo Pinheiro ao menosprezar a relação com o grupo político do ex-prefeito Tony Gel.
Ao colocar Tonynho na oposição, o prefeito criou as condições perfeitas para o fortalecimento da campanha de Zé Queiroz. E permitiu a união entre dois grupos políticos tradicionais. Detalhe: no mesmo dia da sua própria convenção.
Além disso, outro erro de cálculo político foi determinante para o sucesso da convenção de Zé Queiroz: a tentativa da equipe jurídica de impedir a convenção de ocorrer no Polo Comercial.
O imbróglio só ajudou a dar visibilidade e mobilização para o evento, pois o assunto dominou os espaços de mídia nos dias anteriores à convenção. Quem não sabia que a convenção seria Polo Comercial, certamente ficou sabendo com a ajuda da equipe jurídica de Rodrigo.
No fim das contas, restou apelar para o discurso de que o eleitorado ia se revoltar e não aceitar a união entre Zé Queiroz e Tonynho Rodrigues.
A verdade é que há pouca evidência de que isso possa ocorrer. As uniões entre grupos históricos têm mostrado boa adesão do eleitorado. Basta lembrar da união entre Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos depois da eleição de 2010. Até hoje o MDB permanece na Frente Popular.
Outro caso bem mais recente foi a união entre Lula e Alckmin para as eleições de 2022. O movimento foi crucial para a chegada de Lula à presidência e tem sido um ponto de equilíbrio no governo.
O que fica evidente é que na política tudo tem seu custo. Mas os erros, esses custam caro.
*Doutor em Ciência Política (UFPE) e professor adjunto II – Asces-Unita