Por Vanuccio Pimentel*
Após a finalização do prazo para as mudanças partidárias, o quadro político da cidade começou a ficar mais definido. O número de pré-candidaturas organizadas, com suas respectivas chapas proporcionais, demonstra que a campanha será bem distinta da de 2020.
Naquele pleito, a então prefeita Raquel Lyra disputou a reeleição sem muitas dificuldades. As outras forças políticas tradicionais da cidade não se apresentaram para a disputa e optaram por um apoio protocolar à campanha de Marcelo Gomes que disputou pelo PSB.
Raquel Lyra compreendeu bem o peso que as outras forças políticas tradicionais poderiam ter na disputa, tanto que, só optou em não participar de debates depois que se confirmou que Zé Queiroz e Tony Gel não estariam na disputa. Se estivessem, a decisão dela teria sido outra. Por quê?
Porque ela compreende o funcionamento de uma eleição e tem clareza suficiente da ideia de que ganhar uma eleição no primeiro turno é uma exceção, e não uma regra. Resolver uma eleição no primeiro turno não é fácil e não ocorre frequentemente. Por isso, quando Queiroz e Tony Gel decidiram não entrar na disputa, ela percebeu que uma vitória no primeiro turno estava muito mais próxima. E assim foi.
Em 2024 não será Raquel Lyra a disputar uma vaga. Em seu campo político estará Rodrigo Pinheiro e na oposição estarão todos os demais, inclusive Zé Queiroz e Tonynho Rodrigues. Logo, o quadro que se desenha é bem mais fragmentado do que a eleição anterior. Além disso, são forças políticas que historicamente possuem um eleitorado mais fiel.
É certo que Rodrigo Pinheiro entra na eleição como favorito. Mas não significa que a disputa estará resolvida antes da eleição. Haverá uma campanha com a presença de duas forças tradicionais além dos outros candidatos.
Neste momento, a consolidação do voto ainda é muito baixa, pois a massa de eleitores ainda deve estar pouco interessada na eleição. Ou seja, o eleitor pode mudar de posição à medida em que se aproxima o dia da eleição e essa volatilidade tem sido verificada nas últimas duas eleições no país.
Por isso, a cautela e a experiência política indicam que é melhor trabalhar com a ideia de que haverá dois turnos e se surpreender com uma vitória no primeiro. Muito pior é achar que já ganhou no primeiro turno e, diante da decepção, precisar pedir o apoio a quem foi enxotado para a oposição meses antes da disputa.
*Mestre e doutor em Ciência Política (UFPE)