Por Vanuccio Pimentel*
Estamos entrando na reta final para o dia 06 de outubro e algumas definições vão ganhando forma. A primeira e mais evidente é que não está sendo uma eleição fácil, especialmente para o prefeito Rodrigo Pinheiro, que é o favorito na disputa.
Como já havia dito antes, o discurso de que as forças tradicionais haviam se acabado depois das eleições de 2022 nunca teve lógica. E esta análise equivocada, somada a outras, tem cobrado um preço muito alto. O que deveria ser uma campanha tranquila, transformou-se em uma disputa acirradíssima. A prova disso é a guerra de pesquisas que se instalou, onde a disputa por um ou dois pontos de vantagem é comemorada com muita festa.
Nesse contexto, os movimentos da governadora Raquel Lyra falam muito mais sobre o momento do que as pesquisas. A governadora deu um mergulho em Caruaru e entrou na campanha de forma ativa e com protagonismo que nem a campanha de Daniel Coelho no Recife mereceu.
Há dois motivos para o movimento de Raquel. O primeiro é que ela viu o legado em Caruaru ameaçado com o crescimento de Zé Queiroz, ela jamais cometeria o erro de menosprezar as forças políticas tradicionais. O segundo motivo é que ela precisa resolver esta eleição no primeiro turno. E isso tem mais a ver com a eleição de 2026 do que com esta.
Com a vitória de João Campos aparentemente encaminhada no primeiro turno, ele ficaria com tempo suficiente para se dedicar a eleição de Caruaru. Seria uma disputa antecipada por 2026 que a governadora precisa evitar. E resolver a eleição de Caruaru no primeiro turno é fundamental para isso.
É esta perspectiva que faz com que Raquel tenha feito um conjunto de anúncios e entregas em Caruaru e concentrando sua agenda na cidade nas últimas semanas. Além disso, conseguiu dar um rumo político à campanha de Rodrigo que estava desorientada com o rápido crescimento de Zé Queiroz ao longo das semanas.
Apesar disso, uma vitória no primeiro turno ainda é difícil, embora seja aritmeticamente possível de acordo com todas as pesquisas. Até o dia 06 teremos mais clareza se uma vitória no primeiro turno pode evitar o embate entre Raquel e João Campos no segundo turno em Caruaru.
*Doutor em Ciência Política (UFPE) e professor adjunto II – Asces-Unita