Ex-candidato do PT à Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes divulgou, nesta sexta-feira (1º), uma carta aberta ao partido e ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com observações sobre o processo eleitoral de 2024. Ao registrar o agradecimento à população que abraçou o projeto de mudança construído pela Frente Popular, e ter se comprometido a atuar como figura de oposição ao atual governo municipal, Elias conclamou a sigla a “se reorganizar e agregar mais forças do campo progressista-democrático”.
Em conversa com o senador Humberto Costa (PT), presidente do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) e vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Elias se disse preocupado com as estratégias de sucessão ou reeleição de Lula em 2026.
“Embora o partido tenha ampliado o número de prefeituras, é indiscutível o fato de que o PT tem passado ao largo dos grandes centros urbanos, sobretudo no eixo Centro-Sul e Sudeste, tendo participado como coadjuvante na disputa na maior capital do país, São Paulo, por meio de uma candidata a vice [Marta Suplicy] que precisou deixar o MDB para compor a chapa ao lado de Boulos, do Psol. A partir desse ponto fui enfático ao destacar que é preciso mudar o partido – e não mudar de partido – e reorientar o governo federal”, observou.
Já no campo partidário, Elias citou como opção a ser apresentada ao povo brasileiro uma eventual fusão entre PT, Rede Sustentabilidade, Psol, PDT, PSB e PV com alguns setores do MDB e PSDB. Segundo ele, o resultado dessa soma seria um “ousado e robusto” movimento a ser presidido preferencialmente por uma mulher ambientalista e/ou por uma mulher negra e evangélica, tendo citado a ministra Marina Silva e a deputada federal carioca Benedita da Silva como exemplos de liderança a serem seguidos durante o processo.
Ao sugerir a criação do Movimento Novo PT, Elias disse ser necessário reposicionar o partido “mais ao centro-esquerda”, com a convocação de uma conferência nacional de forças progressista-democráticas e precedida por um documento que aponte para o futuro com base num pacto de unidade.
“Sei que alguns companheiros e companheiras poderão discordar, mas não podemos nos omitir. Ao me servir dos ensinamentos de Ulisses Guimarães, adequo suas palavras às minhas ao reforçar que não devemos mudar de partido, mas, sim, buscar melhorá-lo, pois algo precisa ser feito para não deixarmos de sermos gigantes”, pontuou Elias.
Elias ressaltou o legado do PT na defesa da população em situação de vulnerabilidade socioeconômica e na luta pela democracia, mas disse que o desempenho nestas eleições “não se encontra à altura da história e dimensão do partido”. E conclamou a cúpula da sigla a ter como norte o Partido Trabalhista da Inglaterra no processo de reinvenção.
“Diante do visível avanço da direita enxergo como urgente que seja colocado em prática um posicionamento das forças progressistas e de esquerda. É preciso apresentar algo novo ao país e enfrentar de frente questões caras ao governo, tais como gargalos em áreas como segurança, saúde e mobilidade urbana. É preciso, ainda, reafirmar políticas públicas exitosas como o Bolsa Família, o Farmácia Popular e o Vale-Gás, que, aos poucos, têm sido encaradas no consciente coletivo como conquistas passadas”, acrescentou.