Artigo: Onde estão os leitos de UTI em Caruaru?

Opinião
Publicado por Américo Rodrigo
19 de maio de 2020 às 10h34min
Foto: Divulgação

“A pandemia por COVID-19 expôs inúmeros problemas crônicos em nosso país. A falta de equipamentos de proteção individual, superlotações, escassez de leitos e profissionais, sempre foram situações desafiadoras para os gestores e equipes que compõe o Sistema Único de Saúde (SUS).

Diante do caos estabelecido, deficiências no sistema foram potencializadas. Um dos grandes problemas é a falta de leitos em Unidade de Terapia Intensiva. A ciência dessa falta, levou muitos estados à uma corrida contra o tempo para implantar o máximo de leitos para tratamentos intensivos.

A assistência em média e alta complexidade são competências do estado. Porém, nada impede que os municípios implantem leitos de UTI para diminuir a sobrecarga do sistema de saúde. Esse entendimento não deveria ser apenas diante de uma pandemia, mas no cotidiano dos municípios também.

Uma das principais necessidades no enfrentamento dessa doença são os cuidados intensivos, visto que, a COVID-19 poderá levar ao agravamento e ineficiência entre outros, do sistema respiratório. Infelizmente Caruaru não tem leitos de UTI ofertados pelo município. A cidade dispõe de 18 leitos no Hospital Regional do Agreste, 30 leitos no Hospital Mestre Vitalino, 10 no Hospital Santa Efigênia e 10 na Unimed.

Há muitos anos o município não tem esse tipo de assistência. Isso justifica as inúmeras transferências para cidades vizinhas quando precisa de atendimento especializado, a exemplo na atenção obstétrica. Se um parturiente necessitar de um atendimento mais complexo, ela será transferida.

Entre as ações locais, a gestão dispõe das salas vermelhas das Unidades de Pronto Atendimento – UPA e o Hospital Manoel Afonso que também tem salas de estabilização de pacientes. Enquanto isso, muitos municípios menores estão demonstrando seu cuidado com a população e provando que deve existir uma interação entre os poderes, indiferente de questões políticas. A exemplo da cidade de Toritama, que construiu o Hospital de Campanha e está disponibilizando cuidados intensivos.

O que sinceramente não deve haver nesse momento é transferir apenas para o estado a responsabilidade. Se cada instância contribuir nesse difícil momento, o fardo será mais fácil de ser “carregado” e muitas vidas serão preservadas. É tempo de pensar nas pessoas!”

Nayara Sousa, enfermeira, pedagoga, professora Universitária e coordenadora de Pós-Graduação de Urgência, Emergência e UTI.

Américo Rodrigo

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