Ministro da saúde visita unidade pioneira na implantação do programa Útero é Vida

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Por Redação
15 de agosto de 2025 às 14h35min
Foto: Edson Holanda

Nesta sexta (15), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve no Recife para acompanhar de perto a implementação da estratégia nacional para prevenção e eliminação do câncer do colo do útero na capital pernambucana. A visita aconteceu, inicialmente, na USF+ Fernanda Wanderley, localizada na Linha do Tiro, a primeira unidade do país a receber a iniciativa de rastreio organizado, que coloca o Recife na vanguarda da prevenção e controle do câncer do colo do útero. Em seguida, visitou o Hospital da Mulher do Recife, unidade que dá seguimento aos casos suspeitos de câncer do colo de útero.

Está ação começou no nosso estado e na nossa cidade dois distritos sanitários estão fazendo de forma experimental, e agora tivemos a oportunidade com o ministro Padilha, de poder escalar para todo o Brasil. Na prática, vamos ganhar mais agilidade, precisão no diagnóstico e o cuidado com algo que pode ser evitado, que é o câncer de colo de útero. Identificando de forma precoce, é possível até evitar casos de mortea morte. Isso é muito importante e a gente fica feliz de ter sido a referência para, a partir daqui, essa ação ganhar o Brasil inteiro”, afirmou o prefeito, João Campos. 

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O câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais frequente entre as mulheres brasileiras (excluindo tumores de pele não melanoma), com incidência de 15,38 casos para cada 100 mil mulheres por ano no país, entre 2023 e 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em Pernambuco, a estimativa é de 15,18 casos para cada 100 mil mulheres por ano, e no Recife, a taxa é de 18,02 casos para cada 100 mil mulheres.

Uma das principais inovações é que o tradicional teste citopatológico, conhecido como papanicolau, será gradualmente substituído, no Sistema Único de Saúde (SUS), pelo exame molecular de DNA-HPV, considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o método primário mais eficaz para detecção do HPV, capaz de reduzir de forma mais significativa a incidência de casos e óbitos por câncer do colo do útero.

Para mudar esse cenário, o Recife foi escolhido como cidade pioneira na execução da estratégia do Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A iniciativa reorganiza toda a linha de cuidado, com rastreio organizado por meio do Teste de HPV de alto risco por teste molecular, em mulheres e pessoas com útero entre 25 e 64 anos, garantindo diagnóstico precoce, tratamento rápido e incentivo à vacinação contra o HPV.

A experiência do rastreio na Atenção Básica da capital começou em 2022, em oito Unidades de Saúde da Família (USF) dos Distritos Sanitários II e VII, beneficiando 1.535 mulheres. Em 2024, o programa foi ampliado para 16 USF, já atendendo mais de 3.100 pessoas com útero até julho deste ano. Entre as coletas, 131 casos foram reagentes para HPV 16 e 18 (mais suscetíveis para o câncer), e 109 já receberam acompanhamento completo, incluindo exames especializados e tratamentos. 

Com cobertura de Estratégia Saúde da Família em cerca de 80% da cidade, a meta é rastrear 70% da população-alvo em até cinco anos, alcançando 20% a cada ano. O reforço na rede assistencial e o investimento em prevenção e vacinação prometem reduzir significativamente a morbimortalidade por câncer do colo do útero.

Ainda na Atenção Básica, ampliamos a cobertura da vacinação (HPV quadrivalente), por meio de diversas estratégias, aumentando as salas de vacinação e a parceria com escolas municipais e estaduais. A série histórica de cobertura vacinal contra o HPV no Recife mostra avanços significativos nos últimos anos (2022 a junho/2025). Entre as meninas, a taxa passou de 75,42% em 2022 para 80,81% em 2023 e 86,61% em 2024, registrando 81,82% até julho de 2025. Entre os meninos, o crescimento foi ainda mais expressivo: de 39,79% em 2022 para 58,77% em 2023 e 70,59% em 2024, alcançando 68,74% até julho de 2025.

Uma das unidades de saúde que faz o seguimento da mulher ou pessoa com útero com suspeita ou diagnóstico do câncer de colo do útero é o Hospital da Mulher do Recife (HMR). No hospital são realizadas colposcopia, biópsia e Cirurgia de Alta Frequência (CAF), já inseridas na nova estratégia do governo federal, a Oferta de Cuidados Integrados (OCI). A partir da necessidade do município, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação da oferta de vários procedimentos, além da implantação de novos serviços em diversas áreas da saúde da mulher, especialmente em Oncologia. Entre eles, estão a punção por agulha fina (PAAF), biópsia por agulha grossa (Core Biopsy), mamotomia (biopsia da mama), estereotaxia e agulhamento (para mapeamento de lesões na mama), mastectomia, maternidade dia para gestante de alto risco, vasectomia e laparoscopia. Ao todo, 400 mil procedimentos serão realizados a mais na unidade, por ano, com financiamento do Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde.

A saúde da mulher é prioridade absoluta. Montamos uma forma para repassar recursos entre estado e município nos hospitais para fazer mais cirurgias. Estamos muito felizes em repassar esse recurso para a prefeitura do Recife, cerca de R$ 40 milhões, para fazer mais de 5 mil cirurgias, mais de 180 procedimentos como um todo. Hoje, mais cedo, fizemos um anúncio da tecnologia que substitui o Papanicolau, está inventado e agora está no SUS aqui, no Recife, e iremos implementar até o final do ano em todos os estados do Brasil”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. 

Um novo procedimento que será implantado no HMR, atendendo a uma reivindicação da sociedade civil, é a cirurgia de transgenitalização, para redesignação ou mudança de sexo, alinhando corpo e identidade de gênero da pessoa. “Em Pernambuco, somente o Hospital das Clínicas fazia esse procedimento. Agora, o Hospital da Mulher, que já faz as terapias hormonais, com todo o acompanhamento psicossocial, poderá avançar no cuidado, bem-estar e dignidade para as pessoas trans”, explica a diretora do HMR, Isabela Coutinho.

Redação

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