Coluna da quinta: condição inegociável

Cenário Político
Por Américo Rodrigo
10 de abril de 2025 às 00h00min
Foto: Roberto Soares

Depois de trocar farpas com o presidente estadual do MDB, o ex-deputado Raul Henry, e de participar da reunião com o presidente nacional da legenda, deputado Baleia Rossi, para tratar dos detalhes da eleição interna do partido, o deputado Jarbas Filho (MDB), quebrou o silêncio em conversa com a imprensa na Alepe, nesta quarta (9).

Adotando um tom mais firme, Jarbinhas ressaltou em alto e bom som que ele quem é o herdeiro de Jarbas e não há o que se questionar no apoio de um pai a um filho. Revelou que o clima do encontro no dia anterior não foi bom e fez críticas à condução partidária de Raul, frisando que em 2022 o MDB não conseguiu montar nem chapa de estadual. 

Jarbas só exerce o mandato hoje na Alepe, porque o PSB aceitou atuar como incubadora para, posteriormente, conceder a carta de anuência que o permitiu voltar à sigla de origem. Garantiu que em 2026 não vai sacrificar seu mandato: em outras palavras, considera que Raul será incapaz de montar chapas competitivas.

Confiante na vitória do seu grupo na disputa interna, o emedebista disse que não trabalha com a possibilidade de sair derrotado e vai trabalhar para retomar o protagonismo que o MDB sempre teve na política pernambucana, deixando de ser uma legenda que dependa de aliados para continuar existindo. 

Eu nem quero ser um satélite da governadora, nem ser um satélite do PSB”, avaliou. Mesmo assim, Jarbas Filho disse que as portas estão abertas para o diálogo, seja com Raquel Lyra (PSD), ou João Campos (PSB), mas que a prioridade será a manutenção do espaço na majoritária, algo inegociável para seu grupo.

Se mexendo – Apesar da confiança de Jarbas Filho (MDB), aliados do presidente estadual do MDB, Raul Henry, acreditam que ele deve sair vitorioso da batalha pelo comando do partido. O emedebista tem se deslocado entre as mais diversas regiões, em busca de garantir os apoios necessários para mais uma reeleição.

Triunfo do Palácio – Com a presença de 34 parlamentares, a polêmica proposta que previa o fim da cláusula de barreira em concursos para a segurança foi derrotado, obtendo apenas 11 votos favoráveis. O resultado representa uma vitória do Palácio, já que a base do governo contribuiu massivamente para o resultado.

Crise – Tendo votado junto com a base para rejeitar o projeto da cláusula de barreira, o deputado João Paulo (PT) foi extremamente criticado pelas categorias presentes na sessão. Ele foi alvo de protesto, sendo chamado de “traidor”. Os gritos foram silenciados, porque os manifestantes foram avisados que seriam retirados pela Polícia Legislativa.

Autonomia – Numa rápida conversa no cercadinho da imprensa na Alepe, o deputado João Paulo (PT) comentou sobre enxergar uma necessidade de retomar a independência do Partido dos Trabalhadores no Recife. Defendeu que a sigla não pode mais ser “correia de transmissão” ou “satélite” de outras legendas; uma crítica direta à relação com o PSB.

Coletiva – E por falar no PSB, a direção estadual da sigla convocou a imprensa para, nesta quinta (10), dialogar sobre algumas pautas prioritárias. Depois do congresso realizado no último fim de semana, os socialistas intensificaram a atuação oposicionista no estado e devem marcar uma posição cada vez mais firme.

Espera – Depois de chegar a se reunir com os caciques do PP, em Brasília, a deputada Gleide Ângelo (PSB) tem aguardado contrapartidas da legenda socialista, que dialoguem com o tamanho político de quem recebeu quase 119 mil votos na última eleição estadual. As chances de que ela mude de legenda na janela de 2026 ainda são grandes. Se o PSB demorar muito para concretizar algum gesto, pode ser tarde.

Américo Rodrigo

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