Artigo: O fim de uma era em Caruaru

Opinião
Publicado por Américo Rodrigo
18 de setembro de 2020 às 08h00min
Foto: Divulgação/Asces-Unita

Toda eleição é um marco no processo político de uma cidade. Mas estas eleições representam o fim de uma era em Caruaru. Não teremos Tony Gel e nem Zé Queiroz na disputa, nem teremos ninguém que represente diretamente estes grupos.

A situação ganha contornos mais dramáticos quando se percebe que os grupos de Tony Gel e Zé Queiroz implodiram. Não acho exagero afirmar que eles implodiram, porque não conseguiram sequer se articular para apresentar nomes alternativos para a disputa. Simplesmente, não há nomes para representar estes grupos.

A saída destes dois líderes da disputa cria um vácuo eleitoral difícil de ser ocupado. Tony Gel obteve mais de 46% dos votos no segundo turno em 2016. Quem herdará este patrimônio eleitoral? É difícil até opinar.

Zé Queiroz, por sua vez, representaria a maior ameaça direta a Raquel Lyra nesta eleição. Os dois disputam a mesma faixa do eleitorado e a comparação com o governo Queiroz seria inevitável. O governo Raquel carece de uma identidade, pois ao optar por investimentos em praças, parques e urbanização terminou por fazer escolhas muito próximas ao governo Queiroz.

E agora, o que será das eleições de 2020? É muito cedo para afirmar qualquer coisa de seguro, pois ainda existe uma disputa pela frente. Mas o que fica claro é que será uma disputa aparentemente mais fácil para Raquel.

Sem adversários com densidade eleitoral para fazer qualquer polarização e com apenas 45 dias de campanha, Raquel pode optar por uma estratégia evasiva. Sumir dos espaços de debate público e apostar que os opositores não vão conseguir pautar nada de ameaçador à sua reeleição.

Tudo isso vai depender muito de quem será capaz de criar algum espaço de polarização. Vejamos os próximos capítulos.“

Vanuccio Pimentel
Doutor em Ciência Política

Américo Rodrigo

Ouça agora AO VIVO