
Diante do esvaziamento do plenário que inviabilizou, pela segunda vez, a votação da indicação do médico veterinário Moshe Dayan para a presidência da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), encerrou a sessão extraordinária desta terça (27) afirmando, em discurso, que “com a gripe aviária batendo à nossa porta o governo de Raquel Lyra vira as costas para a cadeia da avícola de Pernambuco, e também para as pessoas que trabalham no setor”.
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O esvaziamento e a consequente falta de quórum para a votação (mínimo de 25 presentes, mas só 19 compareceram) foi articulada pelo próprio Governo, segundo informaram parlamentares ao presidente. Porto afirmou, inclusive, ter visto a mensagem enviada pela líder do governo, deputada Socorro Pimentel (UB) com a recomendação.
Ele destacou que a atitude do Governo ignora a gravidade da gripe aviária que trouxe até a Alepe dirigentes do setor avícola pernambucano preocupados com a crise decorrente do problema. E informou que outros estados, a exemplo de Minas Gerais, já decretaram situação de emergência sanitária animal em razão do risco de disseminação da gripe aviária.
O presidente enfatizou que com a pauta travada, a pedido do Governo do Estado, a Alepe fez sessão extraordinária para acelerar a questão da Adagro, mas o próprio Executivo impediu que a situação se resolvesse. “É muito triste isso. Se as coisas não estão andado, é culpa do Governo do Estado. Saibam que com a evolução da gripe aviária, o único culpado, caso a gripe chegue aqui sem que a nomeação do presidente da Adagro, é o Governo do Estado de Pernambuco, diga-se, a governadora Raquel Lyra”.
Porto lembrou que a conduta do Palácio do Campo das Princesas contradiz o anúncio, feito hoje pelo Governo, da criação do grupo de trabalho formado pelos líderes dos partidos que integram a base governista “para atuar junto à Mesa Diretora da Alepe com a missão de colaborar institucionalmente no destravamento da pauta legislativa e na superação de impasses, sempre com espírito público e foco no diálogo”.
“O primeiro ato do diálogo do grupo de trabalho foi esvaziar o plenário da tarde de hoje para não aprovar o (nome do) presidente da Adagro, o senhor Moshe Dayan que tem um belíssimo currículo, foi sabatinado na Comissão de Justiça e falta ser aprovado aqui no plenário”, disse o deputado.
Porto lembrou ainda que, mais cedo após o café da manhã em que a governadora reuniu a bancada governista na sede do Executivo recebeu, no gabinete da presidência, os deputados Cleiton Collins (PP) e Socorro Pimentel que informaram sobre a criação do grupo de trabalho.
“O grupo seria para dialogar mais, para chamar os deputados para conversar. Mas não sei que diálogo é esse. Ou governo está totalmente perdido ou não sabe pra onde vai”, disse. “Não sei até onde é que isso vai, mas, depois de dois anos e meio, se vê que o governo até agora não disse a que veio”, observou.
Porto anunciou que a votação da indicação de Moshe Dayan volta à pauta em nova sessão extraordinária nesta quarta (28).