As eleições municipais de 2024 trouxeram um novo cenário político a Pernambuco, com o campo oposicionista liderado pela Frente Popular consolidando seu protagonismo. Embora as vitórias de Mirella Almeida (PSD) em Olinda e de Severino Ramos (PSDB) em Paulista, no segundo turno, ofereçam algum alívio para a base da governadora Raquel Lyra (PSDB), o saldo final revela a pior derrota histórica para um governo em disputas municipais no Estado.
Com a liderança de João Campos (PSB), reeleito no Recife com a maior votação já registrada na cidade (78,11% dos votos válidos), a Frente Popular vai governar quase 52% do eleitorado pernambucano. A coalizão, composta por PSB, PT, PCdoB, Republicanos, MDB, PDT, União Brasil e Avante, Solidariedade, alcançou 90 prefeituras, das quais 31 são de prefeitos eleitos pelo PSB, que juntos representam mais de 1,920 milhão de eleitores, o maior conjunto dentre todos os partidos, equivalente a 26,8% do eleitorado estadual.
Os resultados ainda mostram que, das dez maiores cidades pernambucanas, os partidos da Frente Popular conquistaram Recife, Petrolina, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Garanhuns e Vitória de Santo Antão. Jaboatão dos Guararapes, a segunda maior cidade do estado, elegeu Mano Medeiros (PL), considerado neutro no cenário político estadual. Em contrapartida, Olinda e Paulista foram conquistadas por candidatas da base governista, com Mirella Almeida (PSD) e Severino Ramos (PSDB), respectivamente, além de Caruaru, que manteve Rodrigo Pinheiro (PSDB) como prefeito.
Com essa configuração, o campo oposicionista governará para mais de 2,7 milhões de habitantes nas maiores cidades de Pernambuco, enquanto os aliados diretos da governadora Raquel Lyra atenderão a aproximadamente 1,370 milhão de pessoas, sendo Jaboatão dos Guararapes, com seus 643 mil habitantes, um ponto de neutralidade no cenário político estadual.
A governadora Raquel Lyra enfrentou um cenário difícil durante as eleições. Seu candidato a prefeito no Recife, Daniel Coelho (PSD), teve um desempenho pífio, obtendo apenas 3,21% dos votos válidos e terminando em quarto lugar. Mesmo com a injeção de R$ 7,8 milhões do diretório nacional do PSD em sua campanha, Coelho não conseguiu mobilizar o eleitorado, refletindo a alta rejeição ao governo estadual na capital. Essa baixa performance de um candidato apoiado por um governador em eleições municipais é a pior registrada desde a redemocratização em 1985.
Além disso, a influência da governadora no interior do estado também foi limitada. A base governista saiu enfraquecida em Petrolina, Garanhuns e Vitória de Santo Antão, que foram conquistadas pela Frente Popular. Isso rompe com uma tradição de 20 anos, em que o partido do governador em exercício sempre liderava o número de prefeituras nas eleições municipais.
Por outro lado, o resultado das eleições consolida o PSB como a principal força política de Pernambuco. A Frente Popular, com 91 prefeituras eleitas, governará para quase 58% do eleitorado estadual, incluindo as maiores cidades. Isso reafirma o protagonismo do partido e sua capacidade de articulação, liderada por João Campos, que ampliou sua influência política para além do Recife e fortaleceu a oposição ao governo estadual.