Na Alepe, famílias dizem que alunos do Ganhe o Mundo foram para o Chile, mas não estão matriculados

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Por Karol Matos
1 de abril de 2025 às 17h00min
Foto: Roberto Soares

Durante a audiência pública realizada na manhã desta terça (1º), na Alepe, representantes de movimentos estudantis e familiares de intercambistas do programa Ganhe o Mundo fizeram críticas e cobraram solução da Secretaria estadual de Educação, sobre a situação de parte dos 200 alunos que há uma semana embarcaram para o Chile. Segundo a denúncia dos pais, alguns deles ainda não estão matriculados em escolas ou não foram recebidos por famílias receptoras.

Os alunos do Chile estão lá, muitos sem matrículas, e o senhor secretário sabe disso. Outros estão sem casa”, denunciou, na tribuna da Alepe, Adriana, representante das famílias de alunos selecionados, relatando o drama do outro grupo que ainda não embarcou para os Estados Unidos e o Canadá.

Ao todo, cerca de 700 estudantes da rede estadual de ensino foram selecionados para os dois destinos. Alguns estão próximos de completar 18 anos, o que o desclassifica o aluno, que precisa ter até 17 anos para ser intercambista.

“Nós não pedimos o programa. O Governo ofereceu. Eles concorreram com outros estudantes. Não é possível que estejam sendo descartados agora. A governadora foi passar 15 dias de férias no Canadá. Isso é uma afronta aos estudantes que estão aguardando sua vez de embarcar”, complementou a mãe.

Presidente da audiência, o deputado Waldemar Borges (PSB) chegou a classificar as justificativas apresentadas pelo representante do Estado como “dificuldades gerenciais”, pontuando que são sucessivos problemas de gestão do próprio governo Raquel Lyra.

O deputado Sileno Guedes (PSB) avaliou os problemas envolvendo os alunos que estão no Chile como um sinal de que o Governo de Pernambuco fez uma “gambiarra” para mandá-los às pressas para aquele país quando começou a sofrer críticas por atrasos no Ganhe o Mundo. “A gente teve a sensação de que, quando se começou a falar nisso, se fez uma gambiarra para mandar esses estudantes logo para o Chile. Temos a informação de que eles estão em hotéis, o que quebra a essência do intercâmbio. Eles deveriam estar em residências de famílias, para facilitar a adaptação cultural”, afirmou o parlamentar.

Convocado para prestar esclarecimentos na audiência, o secretário de Educação de Pernambuco, Gilson Monteiro Filho, negou as denúncias e garantiu que todos os estudantes já estão acolhidos em residências e matriculados em escolas. Reconheceu, porém, que há dificuldades de comunicação com as famílias do grupo selecionado para viajar para a América do Norte e não deu prazos para dar respostas concretas. Mencionou ainda um impasse com a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), que deu parecer negativo à licitação referente a esse lote do programa, o que pode inviabilizar a viagem dos alunos a tempo de cumprir o semestre letivo no exterior e de se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Brasil.

Karol Matos

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